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domingo, 7 de julio de 2013

Os beneficios do babywearing... para o bebê e para os pais!

Quem escolhe criar os filhos em contato direto com o seu corpo, lhes amamentando no peito e carregando eles em portabebês, bem pertinho do seu corpo e à altura dos beijos, com frequencia são questionados, criticados e inclusive instados a abandonar tales práticas porque "vão malcriar ou perjudicar o bebê" de uma ou outra forma.

Quem fala isto fala por simples achismo -absorvido culturalmente- e não aporta nenhuma evidência científica ao respeito. Principalmente porque não existem estudos científicos que digam que amamentar ou carregar de forma confortavel no colo os filhos seja prejudicial, ou deva ser feito só até tal ou qual idade. Porém, existem muitas evidências (científicas e da prática diaria das muitas famílias que o praticam) a favor destas opções de criação.

Sobre a amamentação já tenho falado em outros posts, portanto passo aqui a escrever uma lista de benefícios do babywearing que vocês mesmos podem -e devem!- ampliar nos comentários, se observam a falta de algum benefício que vocês observem que não tenha sido publicado no post:

 
-A escolha pelo babywearing é, também, uma escolha pela simplicidade, uma volta aos tempos em que não eram necessárias tantas coisas nem tantas regras e proibições para criar os filhos. Escolhemos praticidade, ganhamos facilidades no nosso dia a dia.

BENEFÍCIOS PARA AS CRIANÇAS

-Os sistemas dele permanecem estáveis. Disso se benefícia o cada vez mais utilizado método mãe canguru, mas os benefícios do pele a pele não tem por que ser exclusivos dos prematuros. Qualquer bebê que permanece em contato direto com a mãe (ou outro cuidador adulto, não sendo ela), mantém os sistemas mais estáveis do que ficando em um berço, carrinho ou qualquer outro dispositivo longe do corpo de outro ser humano. A presão arterial, os batimentos cardiacos, os ritmos circadianos (de sono), a temperatura corporal, a digestão... Tudo funciona melhor com contato com a mãe do que longe dela.

-Favorece a amamentação e o ganho de peso. A proximidade com o peito da mãe facilita tanto o acceso ao leite materno por parte do bebê (está mais perto, se alimenta mais e melhor), quanto a confiança da mãe. A proximidade dos dois faz com que a mãe aprenda com maior facilidade a interpretar os sinais de fome do filho e os atenda sem demora e com facilidade. Também se pode amamentar o bebê dentro do sling, servindo de grande ajuda para as mães daqueles bebês que se tomam um bom tempo em cada peito!
Ao mesmo tempo, como os bebês slingados se sentem seguros e estão sempre aquecidos com o corpo da mãe, não gastam energia (nem calorias) nem  em chorar nem em aquecer o corpinho deles, facilitando o aumento de peso.

-Menos choros, mais segurança. Os principais motivos de choro de um recém nascido (e de um não tão recém nascido, pois isto se aplica a bebês bem maiores e até a crianças também) são: fome e necessidade de contato físico.
Sim, o colo é uma necessidade básica para um bebê, não é manha e nem manipulação quando param de chorar só no colo.
Portanto, o babywearing faz crescer os nossos filhos seguros, se sentindo atendidos nas suas necessidades básicas e, por tanto, com uma maior autoestima, o que nos leva ao seguinte ponto.

-As crianças slingadas são mais independientes. Exato. Colo em excesso, além de não existir (nunca é demais!), não cria dependência, senão que faz com que a criança se sinta atendida e segura, o que lhe ajudará na hora de dar os primeiros pasos à independência dela. Isso sim... Acontecerá quando chegar a hora, e não quando a gente ou a sociedade nos faça sentir que "já deveria". Crianças inseguras se aferram com mais força à mãe, pois não se sentem confiantes de si mesmas para avançar por medios proprios.
O que você faz quando tem medo de perder alguma coisa? Provavelmente fique bem grudado nessa coisa, e não a solte, para ela não fugir, não sumir, não se perder. Porém, se soubesse que, mesmo deixando ela solta, vai continuar aí, você se sente livre de ir longe dela, experimentar, conhecer... E voltar com ela quando quiser. Isso é a segurança, ou a falta dela, que uma criança pode sentir ao respeito dos pais, se elas tiveram, ou não, as necessidades de contato e atenção bem cobertas quando mais precisavam delas.


-Mais e melhores horas de sono. São muitos os bebês que, deixados no berço, choram como se este tivesse espinhos. Os bebês slingados, por se sentirem no lugar mais seguro do mundo, dormem mais e melhor. Isso se traduz numa maior qualidade de horas de sono, e isso significa descanso, felicidade e maior disposição para o desenvolvimento físico e neuronal. E se ele acorda sobresaltado com um barulho forte, rápidamente concilia o sono novamente: "estou com mamãe, está tudo bem, posso capotar de novo".

Além do descanso da mãe... Ela carrega um peso encima quase todo o dia, sim, mas além de ser um peso gostoso, pode fazer outras coisas porque o bebê dorme. Vocês acham que um bebê no berço, que dorme menos e chora te solicitando, oferece maior descanso?

-Socialização real. Sim, isso em que tanto se insiste: "esta criança tem que socializar". Efetivamente, vivendo em sociedade resultaria práticamente imposível não socializar, pois nos cruzamos com outras pessoas (velhas, novas, brancas, negras e orientais, gordas, magras, extrangeiras, cheirosas, fedorentas, amaveis, maleducadas, pobres, ricas, barulhentas e carinhosas ou não) em práticamente todo lugar: no supermercado, paseando pela rua, na praia, no parque, na escola dos filhos mais velhos, no trabalho, no salão de beleza, no restaurante, na sala de espera do dentista e em qualquer centro comercial.

Fazendo a nossa vida normal, com o nosso bebê bem grudadinho a nós no portabebê, ele socializa inevitavelmente em contextos reais de interação social, enquanto a gente, adulta, socializa. Ele observa bem de perto a forma em que nos dirigimos aos outros, conhecidos ou não, aprendendo as normas de comportamento social por imitação, nos observando desde o lugar seguro que é o corpo da mãe. Bem diferente é acreditar que socializar seja a convicência diária forçada de um bebê ou criança em um berçário com mais 10 bebês ou crianças exatamente da mesma idade dele e uma ou duas adultas, todo dia as mesmas pessoas, no mesmo contexto (não representativo da vida real).

-Estimulação natural, sem excesos, sem estrés. Mais um tópico no qual se insiste como se disso dependesse a vida da criança: "as crianças precissam de estímulos". Pois é, precissam deles, mas não dos estímulos artificiais de luzes e sons estridentes dos brinquedos que inundam as lojas de bebês.

Os bebês precissam de estímulos sensoriais para se adaptar ao mundo extrauterino. Portanto, os estímulos que eles precissam são os estímulos do proprio mundo extrauterino (que, aliás, está cheinho deles!). Luzes, sons, cores, cheiros e texturas naturais com as que podemos estar em contato num passeio de sling, como por exemplo a propria luz do sol passando por entre as folhas de uma árvore, o barulho do vento mexendo as folhas enquanto um passarinho trina num galho próximo, o verde das folhas em contraste com o tronco escuro, o cheiro da terra molhada da chuva de uma hora antes, misturado com o das flores mais próximas, a suavidade das pétalas e o áspero do tronco... Isso numa árvore só. Olha só o móbile perfeito que a natureza fez para você! E tem um differente a cada esquina da rua pela qual passeamos. Para que comprar um único móbile, cheio de luzes, sons e cores artificiais, que será o mesmo a cada hora, dia após dia, encima do berço do nosso filho? Te parece pouco estimulante uma árvore? Com certeza o seu filho vai ter uma opinião bem differente nesse sentido. No útero não tinha árvores. Para ele é uma grande novidade. Igual que o móbile artificial da loja, só que sem estridências.

Perceber todos esses estímulos do mundo extrauterino desde o lugar seguro que é o corpo da mãe é exatamente do que os bebês precissam. É a estimulação à medida deles, sem excessos, misturada com outras sensações já conhecidas, familiares e beneficiosas para ele - graças ao contato do corpo da mãe- que lhe transmitem a calma necessária para, sem ter que lidar com o estrés de estar longe dela, consigam direcionar todas as energias deles a apreender esses estímulos do entorno.

-Proteção: lembranças do útero. Dentro da barriga da mãe, durante a gestação, o bebê é permanentemente embalado com o movimento da propria mãe. Permanecendo à temperatura do corpo da mãe, desde o útero pode escutar os batimentos cardiacos e a voz da mãe, e sentir o corpo dela abraçando a totalidade da sua pele.

Uma vez nasce podemos continuar lhe oferecendo exatamente todas essas sensações que tão seguro lhe fazem sentir, se o carregamos na posição adequada num sling ou portabebê.

-Correto desenvolvimento de quadril, coluna e crânio, e adquisição de tono muscular. A posição natural e adequada "de sapinho" para carregar os bebês e crianças ajudam ao correto desenvolvimento da articulação quadril-fêmur, assim como a da coluna. Se observamos a posição natural de um recém nascido, ela não é esticada. O bebê tem uma retração natural das pernas em posição de sapinho, o que é necessário respeitar para a articulação do quadril que abraça a cabeça do fêmur terminar de se formar adequadamente. Se esticamos as pernas dele, a cabeça do fêmur não encaixa bem no quadril, impedindo o correto desenvolvimento.

Por outro lado, o bebê não nasce com a coluna reta, senão curvada em forma de "C". Isso é porque ainda não tem se formado as duas curvas -cervical primeiro, e lombar depois- da coluna dele, e essa posição curvada impede que a força da gravidade, em posição vertical, provoque compressão de vértebras devido a uma musculatura ainda fraca que não conseguiria sostê-lo nessa posição.


Com frequência vemos bebês -que passam demasiado tempo deitados- com a parte posterior da cabeça deformada, achatada. Os ôsos do crânio dele estão em formação, e se o bebê fica muito tempo deitado podem acontecer deformações. Por isso, carregar o bebê na posição vertical, de sapinho, em um portabebê adequado, impede que isso aconteça. Ademais, mesmo colocando o carregador de tal forma que a cabeça dele fique bem segura (enquanto ele ainda não a firma por si só), a verticalidade dessa posição faz com que ele ganhe antes tono muscular no pescoço. Não é um ser passivo deitado, mole, senão uma criança ativa, devidamente segurada, que exercita sem excesos a musculatura do seu corpo, sempre em contato com outro corpo.

-Abdomen totalmente protegido, ajudando na digestão e nos problemas de cólicas, refluxo e gases. Com frequencia nos recomendam colocar um saquinho de sementes quentinhas na barriga do bebê incomodado com a digestão, assim como fazê-lo arrotar colocando ele em posição vertical, o levantar os joelhinhos dele para ajudá-lo na eliminação de gases.

Se carregamos o bebê na posição adequada de sapinho, ele fica ventre com ventre com o nosso corpo, e com isso conseguimos manter o seu abdomen sempre quentinho, facilitando a digestão. Ao mesmo tempo, por ter as pernas bem colocadas "em sapinho", com os joelhos mais altos que o bumbum, lhe ajudamos na eliminação de gases. A posição vertical évita (ou melhora bastante) o refluxo, e também lhe ajuda a arrotar. Por tanto, os bebês slingados tem digestões mais fáceis e prazerosas.
 
BENEFÍCIOS PARA OS PAIS

-Evitamos barreiras arquitetónicas. "Vestindo os nossos filhos", que é o que significa a palavra em inglês "babywearing", renunciamos a carregar trambolhos com rodas por entre carros mal estacionados, ruas esburacadas, subindo e descendo eles do ônibus ou metrô, ou tendo que abrir, fechar, levantar, guardar e tirar eles de portamalas apertados.

-Protegemos a nossa coluna. Pois é, por mais que os outros pensem o contrário e escutemos com demasiada frequência advertências como "com a criança aí pendurada vai acabar com a sua coluna!", slingar de forma adequada faz com que a nossa coluna, precisamente, esteja muito mais protegida.
Para começar, carregando os nossos filhos em "simples panos" colocados de forma adequada no nosso corpo, salvamos as nossas costas dos estragos de carregar num braço só, não só o peso do nosso bebê, senão também o peso do tal do bebê conforto.

Se começamos a slingar desde cedo, e graças a uma colocação adequada do sling (que reparte bem o peso do bebê sem forçar a nossa musculatura), os músculos das nossas costas e quadril que geralmente estão fracos por falta de uso, vão se fortalecendo. Gradualmente o bebê vai aumentando de peso, nos ajudando a continuar o fortalecimento sem sobre esforços. Mas para isso, como na academia, devemos usar de forma adequada os portabebês, pois senão em lugar de nos fortalecer, podemos acabar lesionados.

Da mesma forma, por mais que a criança cresça e aprenda a andar, vai ter momentos de cansaço, terreno complicado (trilhas, por exemplo), necessidade de mimos ou doença em que eles nos peçam colo. Quantas vezes vemos mães tendo que carregar grandes e pesadas crianças no braço, ou pais com filhos a cavalinho sobre os ombros detonando as cervicais deles! Já que esses momentos vão continuar existindo ainda depois dos 2 anos de idade dos nossos filhos, o mais inteligente é que, quando eles peçam colo, a gente atenda essa demanda da forma mais confortavel, com o peso bem distribuido em ombros, costas e quadril com um bom portabebê, e não forçando o nosso pescoço, braço e coluna de forma inapropiada.

-Menos chances de sofrer depressão puerperal. O contato direto com o bebê, comprovando quanto isso lhe faz bem, facilitando a comunicação da mãe com ele, que graças a esta conexão íntima aprende antes a comprender as suas necesidades faz com que a mãe se sinta util, valiosa e poderosa. Se empodera. Com o seu proprio corpo ela consegue alimentar e nutrir o filho, tanto física como emocionalmente, e isso reduz drásticamente as chances de sofrer uma depressão pós-parto.

-Mãos livres. Sem dúvida, um dos maiores benefícios do babywearing é que nos permite oferecer ao nosso bebê todo o que ele precisa sem, por isso, ficarmos limitados. Com as mãos livres podemos cozinhar (o bebê nas costas melhor), lavar, comprar, brincar com os filhos mais velhos, ler um conto para eles, trabalhar no computador, fazer tricô, pintar ou o que seja que tivermos costume de fazer com as mãos!

Texto de Elena de Regoyos para MamaÉ
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1 comentario:

  1. Estou lendo os artigos, fascinante! Parabéns por essas instruções e pela maneira de passá-las!

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